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Aproveita hoje, é mais tarde do que pensas!
O lamento surgiu quando percebeu, tarde de mais, que não tinha vendido uma porta ferro grafitada mas sim uma obra de arte pintada dias antes por Banksy.
Não querendo fazer juízos de valor sobre a situação do pobre homem, que lamento, a reflexão tem muito a ver com o valor que damos às coisas e as circuntâncias em que o fazemos. A porta naquele local e para aquele homem, naquela circunstância, não valia nada e jamais valeria alguma coisa com a casa desfeita. Se a abrisse e nela entrasse não entraria noutra dimensão nem melhoraria a sua situação.
175 USD é pouco perante o que uma obra de arte de Banksy pode valer, mas também é muito perante o que uma porta no meio do nada pode valer. É assim a arte, como disse Picasso, a mentira que nos permite conhecer a verdade.
Os velhos acreditam que têm mais passado do que futuro. Por isso, prestam mais atenção a memórias do que a previsões. Interessa menos o futuro em que não se imaginam do que o passado ainda disponível para esmiuçar infinitamente. José Luis Peixoto, O último a esquecer, crónica da revista Visão 26 março 2015.
Dado que a esperança de vida em Portugal é de 80,37 anos, qualquer adulto, segundo as estatisticas, depois dos 40 anos já terá mais passado que futuro.
Por isso admirava Manuel de Oliveira, falecido com 106 anos, não pelos filmes mas pelo futuro que ele via nos filmes que ainda haveria de realizar. O passado são só estatisticas.
(The Incredulity of Saint Thomas-Caravaggio)
Aristóteles defeniu-a como uma igualdade de conclusões contraditórias. A Aporia. É esta a dificuldade lógica que Caravaggio retrata em a "Duvida de Tomé". A Fé.
Devemos acreditar na evidência construindo a fé ou perante a evidência materializar a dúvida destruindo a fé?
Segundo o relato bíblico Jesus diz a Tomé: "Creste, porque me viste? Bem-aventurados os que não viram e creram." A fé é isso. Às vezes duvida, mais vezes certeza. Acreditamos porque acreditamos.